Na falta de luz
dos olhos azuis
tal mar que reluz
as cores do ar.
Seu jeito contido,
o corpo encolhido,
o doce do olhar
sem alma, sem par.
Por dentro, o tremor
sugere o pavor.
Por fora, o torpor
não deixa mostrar.
A fria apatia
da expressão vazia
que foge do olhar
de quem a fitar.
Somente o passado
em segredo guardado
revela o legado
da caixa a guardar.
Boneca esquecida,
fantoche sem vida
de roupa encardida,
sem dono, nem lar.
A pele não sente
nem frio, nem quente.
A carne dormente.
Somente o olhar.
No céu, um tormento
trovão violento
provoca o evento,
atroz despertar.
O corpo respira,
os braços estira,
palavra suspira
tentando falar.
No rosto, a docura.
Na alma, agrura.
A estranha figura
na noite a vagar.
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